terça-feira, 16 de abril de 2013

Rosana Parte II


Antes de tudo você precisa ler o início de tudo:



Uma das crianças que estava observando não quer esperar para ver o que acontece e corre de volta para a cidade. Segue em prantos direto para o padre e conta tudo o que estava acontecendo, dali segue pro pequeno bar, para a farmácia e vai correndo a cidade espalhando a notícia. Não demora muito a se juntar uma pequena multidão que marcha triunfante em direção à casa da bruxa.



Os homens mais novos e mais fortes vão na frente, cheios de hombridade e coragem. Mas ao chegarem perto da tosca cabana começam a ouvir estranhos barulhos. São gritos de desespero e de dor. São gritos animalescos e guturais de puro ódio. São risadas macabras e demoníacas. São barulhos de multidões sofrendo com se tivessem aberto os portões do inferno.

Tão rápido foi a multidão, tão rápido se desorganizou. Ninguém queria ir averiguar o que estava acontecendo. Começa uma discussão para ver quem seria o batedor e iria na frente. Os ânimos de exaltam e já estava começando a gritaria.

Um choro de criança ecoa da sombras das árvores, barulhos de ganhos quebrando, uma movimentação na penumbra. Uns 3 marmanjos fugiram de medo.

Sai uma garotinha, que estava no grupo de crianças a observar o que acontecia na janela. Ela estava pálida, sua boca roxa e o olhar catatônico. Seus olhos e ouvidos sangravam. Passado o primeiro susto as pessoas correm para socorrer a pobre garota.Tentam reanima-la sem sucesso. ela estava em um estado vegetativo e apenas balbuciava "ele tem fome... ele tem fome..."

Subitamente, silencio. Não há mais gritos, não há mais risadas, não há mais choro. A crescente apreensão que tomou o ambiente era quase palpável. todos olhavam para todos os lados, atentos à qualquer coisa.

A porta da casa se abre lentamente. Aquele típico rangido de porta velha abrindo preenche o ar. Uma coisa é jogada no meio da multidão que entra em panico quando descobrem que se trata da cabeça maltratada de Abgail.



Gritaria.

Rosana está parada à porta. Estava um pouco curvada com a camisola simples tingida de vermelho. Suas mãos e seu rosto igualmente cobertos de sangue. Ela segurava uma das crianças, agora uma massa disforme de carne e ossos, pelo pé. Ela sorria. Ninguém ousava nem respirar. O silêncio era angustiante.

Em sua mente Sallos cantava, ele estava logo atrás de Rosana que não conseguia resistir. Ela tinha que dançar.

Ela grita com uma voz que não era dela. Soava demoníaca: "TENHO FOME!" e avança direto para a multidão e o caos reina em meio ao pequeno destacamento de corajosos e, principalmente, curiosos. Ela arranha, morde, bate com toda a sua fúria sem ver à quem. As pessoas tentam correr e se defender e no meio da confusão muitas pessoas são pisoteadas.

A outrora frágil Rosana parece agora ter a força de 10 homens. Ninguém consegue detê-la, até em um momento ela pega uma criança que chora desesperada. Aquele som perece ter tirado Rosana daquele estado bestial e ela vacila por um momento.

Foi tempo suficiente para ter seu peito trespassado por uma lâmina. Os olhos de Rosana se tornam vermelhos como em brasa e a razão a abandona novamente.

Ela se vira para ver quem foi seu agressor. Era o filho do prefeito. O garoto mais popular e sádico entre os jovens. Era o que mais maltratava e o que pregava as piores e mais dolorosas/vexatórias peças nos mais fracos e esquisitões.

A visão daquele rosto foi como uma inveção de ódio em Rosana que num golpe rápido e certeiro agarrou a traqueia do garoto e sem dificuldades a torceu num sonoro estalo. A multidão vê o jovem rapaz se contorcendo, tentando se agarrar ao que lhe restava de vida. Sem sucesso. Seu pai gritava e tentava reanimar o cadáver em seus braços.

Quando se dão conta, Rosana havia fugido e todos seguiram seu rastro. Ferida e cansada ela segue para o único lugar que faria sentido em sua mente. Seu lugar secreto, seu esconderijo seguro. O roseiral.

Rosana se esconde nas sombras entre a densa mata, entulho e galhos, Sallos está do seu lado, ele faz um carinho no cabelo da garota assustada.



- O que aconteceu comigo? disse Rosana chorando. Eu não sou um monstro! Eu não fiz aquilo!!

Pranto.

Sallos olha diretamente em seus olhos e diz: 

- Sim, minha cara. Você não é um monstro, mas pertence à um!

E começa a rola no chão rindo.

- Você não entendeu? Pode até ter voltado à razão mas você... é... minha... 

Rosana estava cansada e ferida. Sem forças até para falar. Ela simplesmente deitou a cabeça no colo de seu único "amigo" e desistiu. Ele entendeu.

Sallos acariciando os cabelos sujos de Rosana começou a recitar algumas frases bem baixinho. Algo que Rosana não entendia, mas para ela soava como uma cantiga de ninar. Aos poucos ela foi perdendo a consciência e tranquilamente ela se entregou à inconsciência. Ela só queria descansar.

Sallos viu quando o último traço de racionalidade de Rosana se extinguiu e baixinho disse ao beijar sua testa. 

- Agora seu corpo é meu. E minha fome é sua. Levante minha pequena besta e vamos comer!

Se alguém visse Rosana naquele momento iria congelar de medo. Ela ficava de quarto com a coluna estranhamente torta. Seus membros pareciam desproporcionais à seu tamanho. Seus olhos eram de um vermelho vivo e seus dentes e unhas pareciam de um grande felino. Alguma coisa chama atenção de Rosana.



A multidão chega ao Roseiral com grande alvoroço, muitas pessoas falando, muitas tochas e lampiões. Aos poucos as pessoas foram se espalhando. Grande erro.

Na escuridão da noite gritos desesperados diziam que Rosana estava atacando os mais desatentos. Houve um breve início de confusão de novo mas o prefeito, movido à vingança pela morte prematura e cruel de seu filho, conseguiu reorganizar os poucos que sobraram.

"Se essa criatura é uma encarnação do inferno. Que ela queime como tal!"

E começou a incendiar as rosas e o matagal. Os outros homens fizeram o mesmo cercando Rosana num grande anel de fogo.

Iluminada pela luz do fogo eles viram ela montada em cima do cadáver de um jovem rapaz, lambendo avidamente sua mão suja de sangue. Ela não tentou fugir, simplesmente ficou ali encarando as pessoas enquanto o fogo chegava perigosamente mais perto.



O fogo rapidamente saiu do controle e se tornou um gigantesco incêndio. Não sobrou nada, apenas cinzas e os corpos queimados das vítimas de Rosana. Já seu corpo jamais foi encontrado.

Hoje a cidade cresceu, cheia de automóveis, engarrafamentos, pessoas e arranha-céus. A história de Rosana se tornou folclore local, uma história que as mães contam para seus filhos se comportarem. Mas alguns poucos, principalmente os mais antigos, sabem que a cada ano algumas garotas e garotos de 15 anos desaparecem misteriosamente e em todos os casos está, como uma assinatura macabra, uma rosa vermelha.


Um comentário:

princess kitty disse...

Oi

Eu adoro contos creepy e fazia tempos que não loa, li vários aqui e acho que não vou dormir essa noite rsrs.

Adorei conhecer teus blogs, você é MUITO talentoso, parabéns!

Vou me assustar, ops, ler mais um pouco agora rsrs.

Miaubeijos com carinho =^.^=