domingo, 17 de março de 2013

ALMA



Essa creepy eu fiz baseada num curta um tanto antigo até... Dessa vez nao postei nenhuma imagem pois uma amiga muito talentosa ficou de ilustrar o texto pra mim. Assim que ela me entregar eu já posto aqui. (Desculpe à ilustradora, eu nao aguentei esperar e vou postar)


Eis o video que inspirou o texto.




Uma menininha brinca sozinha nas vielas desconhecidas do subúrbio da cidade. Como é legal o inverno, ela pensa. A neve dá muito mais diversão Às brincadeiras.

Ela tenta esconder, mas está chateada. Hoje nenhum dos coleguinhas podia sair para brincar. As mães estão assustadas...

Está acontecendo uma onda de desaparecimentos de crianças. As autoridades não temnenhuma pista do captor. Aulas foram suspensas e os parquinhos, antes lotados e barulhentos, estão desertos.

Mas aquela garotinha era corajosa (e desobediente) saiu de casa pela janela do quarto enquanto fingia que estudava. E agora, sozinha na rua, procurava algo divertido para fazer.

A entediada aventureira andando distraída acabou entrano num beco que nunca vira antes, alguma coisa ali chamava a atenção... A curiosidade falou mais alto e ela foi observar mais de perto.

Nesse beco havia um muro todo riscado com inúmeros nomes, que pela caligrafia, eram de crianças. A garotinha viu o nome de alguns coleguinhas e isso a deixou bem chateada. Por que ninguém me falou desse lugar antes? Saudade. Ela não via seus amigos a muito tempo e não entendia bem o motivo. Os adultos nunca contam as coisas para as crianças.

A garotinha encara o muro e uma vontade irresistível  de escrever seu nome ali cresce dentro dela. Por sorte havia um giz ao pé do muro e um espaço bem destacado em branco.

Com todo o cuidado para sua letra sair bem bonita ela começa a desenhar bem devagar...

A.....L.....M.....A....

Ela olha triunfante seu nome bem grande, bem bonito e bem no meio do muro, destacado.

Um estalo  às suas costas a assusta.

Alma não tinha notado... mas havia uma loja naquele beco. Sua fachada era de madeira e a vitrine tinha a forma de uma grande boca aberta com os dentes à mostra. Mas, espera... o que é aquilo? uma... Boneca?

Maravilhada, Alma vê na vitrine uma boneca exatamente igual a ela. Os mesmos cabelos claros curtinho, os mesmos olhos azuis, até as sardinhas no nariz!! A boneca estava usando o mesmo vestido estampado, com botinhas e gorro. Era incrível demais para uma criança!

Ela tenta abrir a porta e para sua frustração está trancada. Tenta e tenta sem sucesso. Frustrada ela pensa "daria tudo para entrar..."

Click...

A porta se abre lentamente...

Alma dá um passo para trás e espera alguém sair. Nada acontece. Ela começa a ouvir bem baixinho, um som distante... alguém chamando pelo seu nome. Alma caminha relutantemente para a porta entreaberta e a empurra devagar. De longe ouve seu nome. A Visão deixou a criança fascinada. Quem a está chamando?

A loja era pequena mas estava cheia de várias bonecas de todas as formas e estilo. Eram todas lindas!

Ela conseguia ouvir o seu nome mais alto, parecia mais perto.

Tentou dar o primeiro passo para dentro da loja mas um forte puxão e um grito a assustou!

ALMA O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI?

Era a sua mãe desesperada! Quando foi levar um lanche para a filha e viu o quarto vazio e a janela aberta saiu em disparada pela cidade.

Alma quase morre de susto. Mas o mais assustador foi ver a expressão da mãe. Será um castigo severo na certa! Tentou mostrar para a mãe a boneca da vitrine mas estava vazia. Em casa, depois da bronca homérica Alma não conseguia parar de pensar na loja. Ao dormir sonhou que as bonecas eram vivas e que elas brincavam a noite toda.

Dias se passam e a Mãe preocupada com o confinamento e a crescente ansiedade da filha, resolve chamar algumas amigas (com seus filhos) para um chá e um momento de bate papo. Assim as mães colocam os assuntos em dia e as criança podem se distrair um pouco.

A assunto dos adultos entre as xícaras de chá e bolachas invariavelmente foi a preocupação pelos desaparecimentos das crianças que até o momento continuava sem explicação. Já entre as crianças, Alma se gabava da sua descoberta daquele lugar maravilhoso. Nenhum dos coleguinhas conheciam aquele beco e muito menos a loja de brinquedos.

O primo de Alma, Pedro, era o mais velho da turminha e disse que no dia seguinte teria de ir ao mercado comprar algumas verduras para a mãe e no caminho aproveitaria para conferir o beco e ver o que mais descobria.

No dia seguinte Alma vê sua tia chegando e desce animada para ter as notícias do primo. Quando chega na sala ve a tia chorando e sua mãe tentando consolá-la. Sem entender bem o que se passava subiu para o quarto e decidiu que ainda hoje voltaria àquele lugar!

Aproveitando que sua mãe, pelo visto, ficaria muito tempo ocupada com sua tia. Alma saiu dessa vez pela porta da cozinha e correu até o beco! Para sua sorte a porta da loja estava aberta e ela entrou confiante. Quantas bonecas, quantos brinquedos mas nenhum atendente, era apenas ela e o silêncio.

Andando devagar ela chuta algo, era o boneco de um meniniho montado num pequeno tricíclo. O boneco parecia movido a corda e começa a pedalar. Alma o coloca no chão para ver até onde ele vai e o boneco dispara em direção à porta que se fecha segundos antes dele atravessar. O boneco fica batendo na porta. Chato! pensou Alma!

Olhando em volta ela vê um bonequinho idêntico ao seu primo Pedro. Ela pega com cuidado e parece que boneco era de corda também, ele ficou mexendo a cabeça para um lado e para o outro, numa constante negação. Alguns bonecos começaram a se mexer também. Ou movimentando a cabeça, outros apenas os olhos, alguns que andavam se juntaram ao boneco do triciclo na porta.

De repende Alma vê a "sua" boneca. Estava lá em cima na prateleira, e olha que legal! até mudaram a roupinha dela. Está igual a minha de novo! Sem pensar duas vezes Alma começa a escalar as prateleiras mas está difícil alcançar a boneca. Ela se estica, estica e com muito esforço consegue tocar a boneca...

Silencio...
Escuro...

Alma "acorda" mas algo está errado ela não consegue se mexer. Parece que ela está atrás de um vidro, sua visão está estranha... Há um pequeno espelho na parede contrária e para seu desepero ela vê apenas a "sua" boneca. Ela demora para entender mas se dá conta que... Ela É a boneca!! As outras bonecas encaram a recém chegada, e, apesar de não terem expressão, você poderia ter certeza que elas estavam todas.... chorando...

Um click.
As bonecas ficam agitadas...
Algo se move na vitrine... Tem uma nova boneca...

Uma garotinha ruiva de vestidinho florido corre atrás do seu cachorrinho que fugiu. Ela entra num beco, mas que nunca viu antes... O cachorrinho sumiu, só há um velho muro com vários nomes escritos... pela caligrafia parece ser de crianças... Cresce na ruivinha uma vontade enorme de deixar seu nome ali também... Olha que sorte! Tem um giz bem ali!
Tem um espaço bem destacado bem no meio do muro e é ali mesmo que ela põe sua marca!

Um estalo às suas costas a assusta. Quando ela se vira para a vitrine fica impressionada! Tem uma loja de bonecas aqui? Olha! Essa boneca é igualzinho a mim!!!

Um comentário:

Unknown disse...

OMG. Tadinhas. Estou a imaginar o que transformaria crianças em bonecas. (Merda, não deixo de lembrar das pobres lolitas).